segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

2012 – É hora de aprender que “nós fazemos o mundo”


Na minha adolescência, eu costumava olhar adiante para 2012 e imaginar como iria ser a vida então. Eu calculava que idade iria ter (39) e tentava prever que coisas extraordinárias poderiam estar acontecendo neste tempo futuro, tão carregado de mito. Mesmo lá atrás, no final da década de 1980, o ano 2012 tinha uma aura de gravidade e uma mística. A ideia de que o calendário maia acabava em 2012 já estava bem estabelecida, e para mim a data assomava como um destino de significado escatológico. Ela pairava acima do horizonte, além do milênio, perto o suficiente para eu saber que provavelmente estaria vivo para vê-la e distante o suficiente para deixá-la envolta em mistério.

Aqui estamos agora. Chegamos lá! Estamos em janeiro de 2012 e até os mais ambiciosos profetas não poderiam ter predito o espantoso ritmo de mudança ao longo dos últimos 25 anos. Internet, celulares, companhias aéreas de baixo custo, telefonemas internacionais gratuitos (Skype), mídias sociais (Twitter, Facebook) que derrubam governos – a lista é longa e mais do que extraordinária. Estes desenvolvimentos representam uma mais incrível transformação do nosso mundo do que aquela que eu poderia ter concebido em meus sonhos de adolescente.

Portanto, o que significa isto? O que acontece agora que chegamos aqui? Embora ainda haja uma pequena faixa de pessoas que ache que as datas no final de dezembro de 2012 ainda contêm algum significado cósmico, a vasta maioria não espera que o mundo acabe ou subitamente se transforme no dia 21 (ou 23) de dezembro de 2012. Harold Camping, um cristão evangélico americano, detém algumas lições importantes para os que se inclinam para as predições do fim do mundo: em 2011, Harold prognosticou o fim do mundo (duas vezes) e, como muitos antes dele, cometeu o erro clássico de dar uma data (em ambas as vezes).

 (Com certeza que no manual técnico dos profetas da desgraça diz algo como, bem no começo, em letras grandes e gordas: Em NENHUMA circunstância você deve JAMAIS dar uma DATA concreta para o fim do mundo!! É uma situação de perda garantida; se você tiver razão não há tempo para palmadinhas de aprovação nas costas e, no caso mais provável de que você esteja enganado, bem, vai ficar parecendo um bobo). Não, o mundo não irá acabar em 2012. De fato, é mais provável que estejamos apenas começando. O movimento ecológico global está ganhando força. As pessoas estão acordando e indo para as ruas para exigirem seus direitos humanos inatos de justiça e equidade. Os consumidores estão começando a perceber quanto poder e responsabilidade correspondente eles têm. As pessoas mais jovens dos países desenvolvidos estão crescentemente optando por sentido acima de dinheiro.

Empresários sociais estão despontando por todo o mundo, usando inovação e estratégias aprimoradas em escolas de administração para criarem novos empreendimentos dedicados a melhorar as vidas e resolver problemas sociais. Mesmo as religiões mundiais, frequentemente vistas como uma grande parte do “problema”, estão conversando umas com as outras, buscando se entender mutuamente pelo diálogo, crescendo juntas e construindo caminhos para a paz. Alguns podem ver isto como sendo demasiado otimista, mas acredito que é um otimismo inteiramente racional. Defendo que a afirmação de que “o mundo está melhorando” é tanto válida quanto verdadeira.

Nada disto é para negar que não estamos sendo confrontados por problemas complexos e graves. Pobreza opressiva, destruição ambiental, regimes políticos despóticos, as estratégias do interesse próprio, desconfiança racial, uma dependência global no petróleo e a distribuição injusta da riqueza e poder são parte de uma cabala de questões globais que nos perturbam. Todos exigem ser levados muito a sério e é preciso lidar vigorosamente com eles numa escala global. Ao enfrentarmos estes desafios, desespero e pessimismo são tão inúteis quanto um cego otimismo ou enterrar a cabeça na areia com uma atitude de que “o problema está no outro”. Um otimismo equilibrado e prático e uma comunidade global com vontade de lidar com as questões – é por isto que devemos nos esforçar.

2011 viu alguns novos impulsos encorajadores, nomeadamente a Primavera Árabe e seu mais jovem irmão: o Movimento de Ocupação. Ambos foram produto do poder do povo, cidadãos se erguendo para mudar o “estado de coisas”. Embora seja muito cedo para comentar sobre o relativo sucesso ou fracasso destes movimentos, parece certo que estes episódios de ação em grupo, alimentados e conectados pela mídia social, não serão os últimos deste gênero que iremos ver. Com o advento do Facebook e do Twitter, o homem da rua deixou de ser meramente um consumidor de informação controlada pelas corporações e, ao invés, tornou-se um editor (admitamos que com variados graus de qualidade). Isto mudou tudo. Governos caíram no Oriente Médio; a guerrilha das FARC, financiada pelas drogas, foi largamente derrotada na Colômbia; e outros “mil e um” eventos que abalaram o mundo se desenvolveram, pelo menos em parte, devido às palavras tecladas por alguém no Facebook ou no Twitter.

Hoje, temos mais poder pessoal e capacidade de mudar o mundo do que qualquer outra geração que jamais existiu. A relativa liberdade e riqueza usufruída por muitos em nações desenvolvidas, junto com seu acesso a tecnologias antes impensáveis, significa que até indivíduos medianos têm agora recursos para impactar significativamente a realidade. Como disse Bono, o vocalista dos U2, numa palestra a graduados da Universidade de Pensilvânia: “O mundo é mais maleável do que vocês pensam, e está esperando que vocês o martelem para lhe dar forma”.

Armados com o conhecimento acumulado da Wikipédia, a sabedoria das TED talks, a capacidade de investigação do Google e o vastíssimo alcance do Facebook, não há limite para o que uma pessoa determinada e apaixonada pode realizar.  E se um consegue muito, imagine o que pode fazer um grupo de pessoas – imagine o que milhões podem fazer. Se você ainda não está convencido que cidadãos comuns podem fazer uma diferença assombrosa, reserve um tempo para saber sobre o Avaaz (http://avaaz.org/po/) e o espantoso impacto global que este pequeno grupo conseguiu em somente cinco anos.

Seja a vida de Steve Jobs, do Dalai Lama ou de Aung San Suu Kyi, nos tempos modernos somos abençoados com uma abundância de exemplos de pessoas cujas vidas inspiradas estão deixando o mundo um lugar melhor do que quando o encontraram. Não podemos ser todos pessoas que vão mudar o mundo no grau em que eles o fizeram, mas certamente que todos podemos fazer a nossa parte. Estamos em 2012 e é tempo de aprendermos que “nós fazemos o mundo”. Já chega de esperar que aconteça algum evento cósmico conosco ou (ainda mais improvável) esperar que os governos resolvam os nossos problemas. É hora de sairmos de visões fatalistas do mundo que fracassam em motivar atos responsáveis.

É hora de acordar e finalmente aprender as lições da história. É tempo de mais entre nós assumirem responsabilidade pessoal pelo estado deste mundo magnífico, complexo, lindo e, no entanto, conturbado. Os próximos 25 anos estarão sendo feitos por você e por mim. Suba a bordo, não seja um espectador. O mundo é a nossa obra e está apenas começando.

 

 
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